Donald Trump afirmou, nesta segunda-feira (12), que seria “estúpido” rejeitar o avião que o Catar está oferecendo aos Estados Unidos. A família real do emirado está prestes a oferecer a Washington um Boeing 747-8, estimado por especialistas em US$ 400 milhões (R$ 2,27 bilhões) e descrito pela mídia americana como um “palácio no céu”. Esse presente levanta potenciais conflitos de interesse, especialmente porque a Constituição dos Estados Unidos proíbe as autoridades de aceitar presentes “de um rei, príncipe ou Estado estrangeiro”.
‘Muito obrigado’
Trump se irritou quando um repórter perguntou se ele usaria o avião para uso pessoal após deixar o cargo. “Você deveria ter vergonha de fazer essa pergunta”, disse. “Estão nos dando um avião de graça. Eu poderia dizer: ‘Não, não, não, não nos deem ele, quero pagar US$ 1 bilhão [R$ 5,68 bilhões] ou US$ 400 milhões, ou o que seja’. Ou poderia dizer: ‘Muito obrigado’.”
Trump afirmou que doaria o avião à sua futura biblioteca presidencial como peça de exibição, da mesma maneira que a de Ronald Reagan conserva um antigo Air Force One. O Catar tentou esvaziar a polêmica, ao afirmar que o avião não seria um presente.
“A possível transferência de um avião para uso temporário como Air Force One está sendo considerada atualmente entre o Ministério da Defesa do Catar e o Departamento de Defesa dos Estados Unidos”, declarou Ali Al Ansari, adido de imprensa do Catar em Washington. O plano também suscitou preocupações de segurança sobre o uso de um avião doado por uma potência estrangeira porque ele deve servir como um centro de comando móvel para o presidente em caso de um ataque contra Estados Unidos.
Conflito de interesses
Os democratas criticaram duramente a ideia. “Qualquer presidente que aceite esse tipo de presente, avaliado em US$ 400 milhões, de um governo estrangeiro cria um claro conflito de interesses”, declararam quatro membros do comitê de Relações Exteriores do Senado em comunicado. O dirigente republicano prevê substituir os dois Boeing 747-200B atuais, que entraram em serviço em 1990 durante a presidência de George Bush pai.
Desde que retornou ao poder, Trump se queixou em diversas ocasiões dos elevados custos de manutenção dessas aeronaves. No início de ano, o bilionário, descontente com os atrasos sofridos pela Boeing, disse que estava estudando “alternativas” para o futuro avião presidencial. Em 2018, a gigante aeroespacial americana firmou um contrato para fornecer dois aviões 747-8 antes do fim de 2024 por US$ 3,9 bilhões (R$ 22,15 bilhões), equipados para transportar o presidente americano.